Os últimos dias de 2024 são de buscas na divisa entre Tocantins e Maranhão, onde uma ponte colapsou. Até o fechamento desta edição, seis pessoas continuavam desaparecidas no rio Tocantins, e 11 morreram após a queda da estrutura, no último dia 22 de dezembro.
Negligência? Omissão? O que fez a ponte ruir? As buscas por vítimas devem virar o ano e as investigações realizadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e pela Polícia Federal (PF) buscam por respostas.
As cenas da queda da ponte federal de uma BR de tamanha importância espantam, mas não surpreendem quem mora na região. A estrutura que colapsou fica entre as cidades de Aguiarnópolis, no Tocantins, e Estreito, no Maranhão.
A ponte JK foi construída em 1960, mas de lá pra cá muita coisa mudou. “O peso do tráfego sobre a ponte foi aumentando. Ela era projetada para 45 toneladas. E hoje tem carreta que trafega por essas pontes com 72 toneladas, 80 toneladas”, afirma o engenheiro civil Roberto Racanicchi, do Crea-SP.
O governo federal já sabia que a ponte Juscelino Kubitschek tinha problemas - pelo menos desde de janeiro de 2020. Há quase cinco anos, o DNIT produziu um documento que já indicava danos e irregularidades e danos. O relatório indicava que havia fissuras em todas as colunas; cabos de aço - que sustentavam os vãos - estavam expostos, enferrujados; e havia também rachaduras.
Em maio de 2024, o DNIT abriu uma licitação para reparos. Mas o edital foi um fracasso. A empresa que venceu a concorrência não estava habilitada para o tipo de obra.
Em outubro, o Google Mapas passou pela ponte e registrou um pavimento com rachaduras.
Dia do colapso
Um morador filmou o momento exato do colapso. Ao congelar a imagem, é possível ver os veículos despencando. O trecho que caiu tinha 120 metros de extensão.
Naquele momento, havia dez veículos no trecho que caiu. Havia, quatro caminhões, três carros e três motocicletas. Pelo menos 18 pessoas viajavam por ali.
Buscas
Nos primeiros dias, mergulhadores dos Bombeiros do Maranhão, do Tocantins e do Pará , e da Marinha fizeram buscas até 30 metros de profundidade. Cerca de uma semana depois, a Marinha levou as buscas até 60 metros, com uma técnica de mergulho profundo.
Nas margens do rio Tocantins, os parentes aguardam por notícias.
O DNIT, que é responsável pela ponte, instaurou um inquérito administrativo pra investigar o que aconteceu, embora a resposta seja evidente: negligência e omissão por parte do órgão que deveria monitorar as mais de 6200 pontes pelo Brasil e tomar as medidas cabíveis em cada situação. “O que dá para dizer é que uma ponte não cai de um dia pro outro”, diz o diretor do Instituto Nacional de Criminalística, Carlos Eduardo Palhares Machado.