Um país com uma vasta rede fluvial, uma orla marítima favorável ao transporte, desprovido de rede ferroviária para escoar matéria prima e toda sua produção envereda para um “sistema rodoviarista” que gera alto custo, propicia o acidente e a criminalidade através de roubos, assaltos, sequestros e mortes.
A frota brasileira de caminhões e carretas deve estar em torno de três milhões. Dos motoristas, 83% são autônomos, 16% têm vínculo empregatício e 1% são cooperativados. A frota de ônibus rodoviários gira em torno de um milhão. Aqui o predomínio é de vínculo empregatício. Entendemos que os autônomos vivem no desamparo, desassistidos para o lado da saúde, da qualidade de vida e de todo o suporte para o real desempenho da função. Os caminhões e carretas têm em média 21,5 anos de fabricação, estão bastante rodados e a manutenção é precária.
Agigantam-se os prejuízos material e humano. Perdas de vidas, sequelados, incapacitados, crescem os problemas sociais e não se encontra por parte das autoridades solução para tão grave problema.
Por incrível que possa parecer 93% desses acidentes ocorrem por falha humana. Os principais fatores que conduzem a falha são:
- Jornadas longas - Lapsos de atenção - Déficit de atenção
- Falta de concentração - Fadiga - Sono
- Desobediência à sinalização - Velocidade acima do permitido
- Álcool/Drogas – Tecnologia (celular, computador, TV).
No acidente envolvendo carreta ou caminhão a possibilidade de ocorrência de óbito é sete vezes maior que em outro acidente.
Com ônibus essa possibilidade é doze vezes maior.
Costumamos dizer que hoje, em todo acidente rodoviário existe um profissional do volante envolvido.
Fadiga e sono correspondem a 60% desses acidentes. E por incrível que possa parecer 66% desses trabalhadores tem jornadas acima de 8 horas.
Quanto custa um acidente rodoviário?
O custo estimado é de 12,9 bilhões em 2021.
Não computamos aqui esse valor, mas o custo com vidas, vítimas, sequelados, danos no âmbito da família, os problemas sociais gerados, as consequências de um momento tão curto que é o instante do sinistro e que produzirá consequências a longuíssimo prazo.
O ato de dirigir parece tão simples, inofensivo, prazeroso, mas visto com o perfil profissiográfico vemos que não é tão simples como todos imaginam.
É um ato complexo que depende de múltiplas funções entre elas funções cognitiva, motora e sensório perceptiva.
A cognitiva embute estruturas básicas que servem como suporte para todas as operações mentais. Compõe a base da atividade intelectual. Permite perceber, elaborar e expressar informações.
A origem está nas conexões cerebrais. Esta função cognitiva constitui a estrutura do pensamento que vai se adaptando e acomodando nos diferentes modos de interação com o ambiente.
Identificados tais agentes causais temos que ter ações de órgãos diretores do transporte para sanarmos os danos físicos e materiais que a todo o momento são estampados nos nossos periódicos.
Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)