A grande mobilidade do ser humano no planeta terra, utilizando os mais variados tipos de veículos concorre para a disseminação de doenças e para a rápida transferência de um foco de infecção de um hemisfério para outro.
Os pontos mais distantes do nosso planeta cada vez se tornam mais próximos. A evolução do transporte aproxima cada vez mais estes pontos. Até bem pouco tempo, somente através do transporte marítimo conseguíamos atravessar o Atlântico, o Pacífico e atingir outro continente. As viagens eram longas, cansativas, desgastantes e muitas doenças surgiam nesse transporte.
A Vigilância Sanitária nos portos preocupava-se em não deixar entrar no país qualquer patologia que poderia disseminar comprometendo toda à população. Os quadros suspeitos eram submetidos à quarentena, já que poderiam estar no período prodrômico (período de incubação). Cobravam-se as vacinações obrigatórias para determinadas doenças.
E aqui..., será que estamos preocupados com a imunização da população e dos nossos motoristas?
Os profissionais do volante trabalham em ambiente fechado, a lei determina que o empresário cuide da saúde, preservando o bem-estar físico e mental e social do seu colaborador.
Será que estão com a carteira de vacinação atualizada?
Estamos falando de motoristas de áreas urbanas e motoristas que operam nas rodovias fazendo transporte intermunicipal, interestadual e Internacional. As doenças tropicais estão nesses trajetos. Malária, febre amarela, hanseníase, dengue, leishmaniose, esquistossomose, raiva humana transmitida por cães, escabiose, sarna, doença de Chagas, parasitoses intestinais e tracoma são algumas das mais de 20 patologias presentes nos trajetos de nossos caminhoneiros. São conhecidas como doenças infecciosas negligenciadas que colocam em risco mais de 200 milhões de brasileiros. Todas são patologias bastante conhecidas em nosso país. Precisamos orientar os nossos motoristas cuidando bem da saúde no trabalho para que não adquiram nenhuma doença, incapacidade e transtorno como ausência ao trabalho, aumentando o absenteísmo da empresa ou mesmo do motorista autônomo.
A imunização se faz necessária e para várias dessas doenças temos a vacina que reduz em muito a possibilidade de adquirir a enfermidade.
Temos que lembrar nosso motorista, nosso caminhoneiro, do risco de acidentalmente trazer para os grandes centros, para as grandes metrópoles as doenças que ele adquiriu ou que transporta os vetores de doenças no seu baú ou na cabine de direção.
Hoje temos várias dessas doenças nos grandes centros trazidas pelo transporte rodoviário e muitas vezes pelo transporte aéreo nas pequenas aeronaves que pousam em fazendas e trazem para os grandes centros o mosquito da febre amarela, malária, dengue, chicungunha e outras.
O cuidado precisa ser observado também nos coletivos urbanos e interurbanos que transportam grande quantidade de pessoas possibilitando a disseminação e contaminação de doenças capazes de provocarem epidemias. Muitas vezes a condição climática acentua essa possibilidade já que tais veículos transitam com janelas fechadas.
Hoje, temos que recomendar a vacinação na prevenção de doenças infecciosas em toda atividade grupal. Com infecções respiratórias recomendamos até a utilização de máscara para autoproteção e evitar a disseminação.
Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)