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Tragédia global
29 de Dezembro, de 2023
Palavra do Presidente
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By ROBERTO ALVAREZ BENTES DE SÁ
Tragédia global

Apesar dos avanços significativos na última década, a segurança rodoviária continua a ser uma questão urgente em todo o mundo. O recente relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que, embora tenha havido uma redução global de 5% nas mortes no trânsito desde 2010, ainda enfrentamos uma crise persistente.

Com uma média de mais de 2 mortes por minuto e 3.200 por dia, os acidentes rodoviários permanecem como a principal causa de morte para jovens entre 5 e 29 anos. Ainda que o número total de mortes tenha diminuído para 1,19 milhão anualmente, a taxa de redução não é suficientemente rápida para evitar tragédias evitáveis.

O relatório destaca a urgência de colocar pedestres, ciclistas e outros usuários vulneráveis no centro dos sistemas de transporte global. Embora 108 países tenham comunicado uma queda nas mortes relacionadas ao trânsito entre 2010 e 2021, apenas dez conseguiram reduzir as mortes em mais de 50%, incluindo a Dinamarca, Noruega e Japão.

No Brasil, apesar de ainda registrar um alto número de mortes anualmente em decorrência dos sinistros de trânsito, há de se reconhecer que a realidade melhorou muito depois da entrada em vigor do Código de Trânsito Brasileiro.

Para se ter uma ideia, conforme o estudo “Acidentes de Trânsito no Brasil: Dados e Tendências”, em 1989 tínhamos no Brasil, um índice de 32,7 mortes por 100 mil habitantes. Atualmente, apesar de ainda alarmantes, desde 2018 nos mantemos estáveis em um índice em torno de 15,5 mortes a cada 100 mil habitantes. Lembrando que a frota de veículos, de acordo com dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) era de 28.303.556 em 1998 e, atualmente, é de 118.090.209, ou seja, quatro vezes maior.

Importante destacar que, após 1998, com a entrada em vigor do Código de Trânsito Brasileiro vieram normas rigorosas, multas mais altas e capítulos dedicados à educação no trânsito, inclusive ao processo de formação de condutores. Graças a esse esforço, atualmente, não é possível imaginar um cidadão simplesmente completar a maioridade e começar a dirigir sem antes passar por um processo de educação e sensibilização sobre trânsito e cidadania. Antes do CTB era mais ou menos assim, porém depois de uma série de aperfeiçoamentos e estudos, optou-se por tornar a Primeira Habilitação uma das poucas oportunidades do cidadão ter contato com a educação para o trânsito, já que a educação a nível escolar ainda está longe de ser uma realidade.

Associada a esta questão, a legislação de trânsito brasileira é muito completa e, inclusive elogiada pela OMS, com destaque para o uso de cinto de segurança e capacetes. Ainda assim, há muito a ser feito e reduzir ainda mais a taxa de mortalidade exigirá muito mais do que foi feito até agora, tanto por parte de governos, como das organizações não governamentais e da sociedade civil.

Os números que vimos até aqui, conforme definem vários especialistas, representam a gente ter colhido os frutos dos galhos baixos da árvore. É o chamado efeito platô, que traz consigo também uma certa acomodação. Todavia, esse platô ainda não é suficiente. Por isso, é imperativa a necessidade de evitar acomodação, incentivando a busca contínua por melhorias na segurança rodoviária em todo o mundo.

Que o ano de 2024 nos reserve conquistas notáveis em termos de segurança viária. Que avanços tecnológicos e iniciativas educacionais se combinem a ações permanentes dos órgãos responsáveis para reduzir drasticamente os números de acidentes de trânsito, evitando perdas de vidas e minimizando sequelas. Que tenhamos estradas mais seguras, por uma convivência no trânsito marcada pelo respeito mútuo e pela responsabilidade. Que cada viagem seja uma jornada segura e que, ao chegarmos em 2025, possamos celebrar o sucesso coletivo na promoção de um trânsito mais humano e menos marcado por tragédias.

ROBERTO ALVAREZ BENTES DE SÁ

Presidente do MONATRAN - Movimento Nacional de Educação no Trânsito