Questionar essa necessidade é deixar de vincular homem e máquina com aprendizado e ainda intensificar nossas estatísticas de acidentes e conseguir o primeiro lugar no ranking mundial. Fazem-se necessárias atitudes e foco no que a Organização das Nações Unidas propõe com a “Década de redução dos óbitos no trânsito”.
Pesquisa da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) mostra o que os profissionais de saúde credenciados nos DETRANS veem como necessidade prioritária.
Simular situações de risco é uma necessidade em qualquer máquina, a móvel mais ainda, com objetivo de reduzir as lesões produzidas. Conhecendo bem, tem-se como evitar o ato inseguro, proteger-se diante da condição insegura e ainda fugir da negligência e imprudência. Essa é a tecnologia que precisamos em curto prazo. Treinar para reduzir danos fazendo parte disso o Simulador de direção veicular.
Pesquisa feita pela ABRAMET, entre os profissionais de medicina de tráfego, cerca de 800 de vários Estados credenciados pelos DETRANS, a necessidade de implantação de simuladores de direção veicular nos cursos de formação de condutores, faz parte integrante da formação e educação continuada, diminuindo de maneira significativa os sinistros, em consequência redução de lesões e mortes. Número bastante expressivo denota tal importância, já que estes profissionais lidam direta ou indiretamente com as vítimas.
Os simuladores de direção veicular fariam parte de um conjunto de ações para redução da ocupação de leitos hospitalares e de custos para o Sistema Único de Saúde (SUS) e Previdência Social.
O uso desse equipamento ajudará na formação dos novos condutores reforçando conceitos teóricos e ajudando na aula prática, reduzindo sinistros, lesões e devendo ser obrigatório para primeira habilitação e na compra de um novo veículo.
Com ensinamento básico, poucas horas, sem o pleno conhecimento do homem, da máquina e do meio ambiente, dos riscos e adversidades, de atos e condições inseguras, concede-se a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), tudo vindo a constituir o principal fator desencadeante da grande sinistralidade no nosso país. Lesões graves e mortes se intensificam.
Condições totalmente desconhecidas como é a frenagem a 80 km/h com freio comum e ABS e nessa velocidade desviar de um obstáculo ou frear num piso escorregadio, tangenciar corretamente uma curva, fazer ultrapassagem de veículo longo, utilização de todos os acessórios, direção noturna onde se tem uma desorientação espacial, ainda falando ao celular, mandando um torpedo e muitos outros são ensinamentos que não podem deixar de ser passado na 1ª habilitação e quando da educação continuada. A simulação da direção sob uso de bebida alcoólica seria outra importante utilização.
O recém-habilitado ignora que a 32 km/h é capaz de causar 5% de óbitos, que aumentando essa velocidade para 45 km/h a possibilidade de óbitos é de 48% e que se imprimir 62 km/h é possível ocorrer 85% de óbitos. Observe que ignorando a cinemática do trauma, isto é, o trauma produzido pela energia do movimento, continua a negligência do Estado fornecendo a CNH.
Aliás, vale lembrar que o motociclista chega a possuir a carta com treinamento prático em ambiente confinado, sem nenhum conhecimento prático no trânsito. Examinado também em ambiente confinado recebe a CNH e vai praticar o aprendizado individualmente no trânsito louco dos grandes centros. Aprendeu apenas a usar a primeira marcha e a se equilibrar sobre a máquina.
O candidato a outro tipo de veículo aprende, hoje, a conduzir o veículo no trânsito a 30 ou 40 Km/h, subir um aclive e não deixar o veículo retroceder e fazer uma baliza (estacionar). Na realidade aprendeu apenas a fazer o veículo andar. As coisas mais simples são passadas. Esse é o mínimo fornecido nas aulas práticas como ensinamento na formação daquele que ao receber a CNH comemora como se tivesse conquistado um diploma universitário.
Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)