Não é só durante ou logo após o uso da bebida alcoólica que não se deve dirigir, ocorrerão sinais e sintomas tardios que comprometerão a dirigibilidade.
Queremos enfatizar que após grande ingestão alcoólica, 6 a 8 horas após, o teor de álcool no sangue estará igual à zero, mas não devemos estar na direção veicular. O excesso ingerido produzirá alterações orgânicas que comprometerão as funções essenciais para a dirigibilidade como atenção, concentração, raciocínio, percepção, vigília, respostas motoras, visão e audição. Alterações essas conhecidas popularmente como ressaca.
O excesso de bebida alcoólica ingerida num dia produz um quadro chamado veisalgia, popularmente conhecido como ressaca, que ocorre 6 a 8 horas após a ingestão, período em que a concentração de álcool no sangue cai à zero, podendo durar de 24 a 26 horas. O etilômetro (bafômetro) jamais identificaria essa condição avessa à direção veicular nesse momento.
O álcool é depressor do sistema nervoso central, altera neurotransmissores inibindo-os. Atua produzindo sedação, em consequência reduz mobilidade, memória, julgamento e respiração.
A ressaca é caracterizada por efeitos físicos e mentais adversos, com uma série de sintomas de desconforto, mal-estar.
Nesse período, com percentual de álcool no sangue igual a zero, os sintomas comuns encontrados são: dor de cabeça, náuseas, falta de concentração, boca seca, tontura, desconforto gastrointestinal, cansaço, tremores, falta de apetite, suores, sonolência, ansiedade e irritabilidade.
Tudo dependerá da quantidade e do teor alcoólico do que foi ingerido. A ressaca é um fenômeno prevalente pouco estudado. Interessante que aparece após total eliminação do álcool e seus metabólitos do sangue. Atribui-se que tanto a ressaca como a desidratação causada pelo álcool sejam dois processos distintos, independentes que ocorrem simultaneamente por meio de diferentes mecanismos.
Durante a ressaca ocorrem variações significativas do sistema hormonal como também acidose metabólica. Existem múltiplas teorias para explicar o fenômeno ressaca. Alguns estudos acrescentam à sintomatologia, maior sensibilidade à luz, ao ruído e letargia (perda temporária e completa da sensibilidade e do movimento).
A queda do teor de álcool no sangue, que ocorre 6 a 8 horas após a ingestão, leva a uma espécie de depressão, desorganizando todo o metabolismo. Ocorre falta de água no organismo. O álcool atrai água das células para dentro do vaso aumentando o volume circulante e consequente aumento do fluxo urinário.
A ressaca está presente em nossa sociedade, sendo assim, é capaz de produzir gravíssimas consequências sociais e sanitárias. É importante lembrar que a atenção, concentração, vigília, raciocínio estão rebaixados nessa fase. Mas não é só isso, as respostas motoras também estão comprometidas. A sensibilidade tátil, auditiva e visual está alterada. Tudo isso são necessidades para se dirigir um veículo de maneira segura. Assumir a direção nessa condição é colocar em risco a própria vida e de terceiros.
A cadeira de fisiologia e biofísica da Faculdade de Medicina da Universidade de Buenos Aires vem estudando o assunto. Afirma que os efeitos do excesso de bebida alcoólica causam, 6 a 8 horas após a ingestão, já com a alcoolemia zero, o fenômeno veisalgia (ressaca). Esse quadro persiste até 24 a 26 horas após ingestão.
Conclusão
Não tenho dúvida que a chamada ressaca, fenômeno que ocorre horas após a grande ingestão alcoólica, compromete todo o organismo, principalmente o sistema nervoso central. A direção veicular nessas condições é extremamente perigosa.
Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)