O velho costume popularmente conhecido como “empurrar com a barriga” ganhou um nome chique! Agora chamam de procrastinação. A procrastinação é o ato de adiar a realização de tarefas até o último minuto ou de buscar distrações durante a execução delas.
Termo da moda entre pesquisadores sociais, a procrastinação se torna um problema quando vira um hábito e passa a interferir na qualidade do trabalho, estudos, organização pessoal e na vida como um todo.
Um enorme desafio da sociedade moderna, mas que já existe há tempos, sendo bastante comum também na Administração Pública, especialmente, quando relacionada aos contratos de Obras Públicas, assim como Obras da Iniciativa privada, que atendem demandas de concessões e afins. Uma bola de neve gigante que inevitavelmente, atinge a sociedade em cheio.
Os exemplos são inúmeros, mas desta vez iremos destacar dois grandes absurdos da Grande Florianópolis, que ganharam novos capítulos neste mês de Julho de 2023. São eles: a manutenção das pontes que dão acesso à região insular da capital catarinense e a interminável construção do Anel Viário da BR 101, no trecho entre Biguaçu e Palhoça.
O mês começou com um estudo da Federação das Indústrias “revelando” o óbvio, mas que a maioria dos envolvidos se faz de desentendido e finge que não vê. As obras do Contorno Viário de Florianópolis já atrasadas há mais de 10 dez anos, devem atrasar mais um pouquinho. Com uma boa dose de otimismo, a previsão é serem concluídas no 1° semestre de 2024, visto que “o volume remanescente estimado das obras e serviços é muito significativo, assim como a incidência de períodos chuvosos na região, o que torna improvável conclusão das obras até o final de 2023, conforme previsão estabelecida pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)”, destaca a análise.
Para completar, o estudo afirma que, quando foi elaborado o projeto executivo, em 1995, a estimativa era atingir o volume de tráfego de longa distância de 18 mil veículos por dia em 2015. Agora, considerando uma previsão de entrega das obras no final do 1º semestre de 2024, estima-se um volume de tráfego de cerca de 23 mil veículos pesados por dia no Contorno. Ou seja, quando finalmente for entregue, a obra já estará defasada em alguns milhares de veículos. De qualquer forma, já estivemos em situação pior.
Por fim, já na segunda quinzena do mês, uma bomba alardeou cidadãos e autoridades. O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) teve acesso a um relatório das pontes Pedro Ivo Campos e Colombo Sales produzido em 2022, pediu providências e a imprensa já noticiou a possibilidade da interdição parcial das duas pontes. Imaginem o caos!
Obviamente, somos totalmente a favor da cobrança por manutenções nas pontes. Mas confesso que ainda estamos confusos quanto ao delay desse posicionamento do MPSC. Sete meses se passaram desde a revelação do referido relatório e só agora foram se posicionar? Entretanto, é louvável que a cutucada tenha nos fortalecido na memória o fato de que os contratos de serviços de inspeção e manutenção das ligações continuam paralisados desde novembro do ano passado.
Ainda mais “curioso”, para não dizer decepcionante, foi acompanhar o governo do estado “revelando” que pretende fazer um novo contrato para revitalizar completamente as duas estruturas. Como assim “pretende”? Já não era para estar sendo feito? Como conseguem demorar tanto? Sinceramente, não consigo engolir esta procrastinação institucionalizada completamente normalizada nos dias atuais.
Presidente do MONATRAN - Movimento Nacional de Educação no Trânsito