Há muito tempo temos repetido à exaustão sobre os riscos relacionados ao mau uso de patinetes elétricos nas cidades. Apesar do viés positivo ligado à micromobilidade, que poderia ser uma solução eficiente para deslocamentos rápidos e curtos, a verdade é que nossas cidades não estão preparadas para absorver mais este modal e grande parte das pessoas não possui responsabilidade ou mesmo habilidade para a utilização destes veículos.
Há poucos dias, o atropelamento da prefeita de Balneário Camboriú, Juliana Pavan, por um patinete elétrico, tornou-se um triste marco que evidenciou a urgência em regulamentar o uso desses veículos nas vias públicas da cidade.
O atropelamento de Juliana não foi um incidente isolado, mas sim parte de uma crescente série de problemas relacionados à má utilização dos patinetes motorizados. A prefeita, que sofreu lesões após ser atingida por um patinete enquanto caminhava pelas ruas da cidade, reagiu de forma imediata, anunciando medidas para regulamentar o uso desses veículos. Seu gesto reflete a realidade de muitas cidades, que se veem à mercê de um novo fenômeno de mobilidade, sem o devido controle.
Esse incidente levou a uma série de reformas nas regras do município, com o objetivo de aumentar a segurança e garantir o uso responsável dos patinetes e outros veículos elétricos, com a aprovação, no último dia 21 de janeiro, de uma lei que visa regulamentar a circulação e o estacionamento desses veículos, pela Câmara Municipal do município.
O caso de Balneário Camboriú não é único, e a cidade catarinense é apenas um exemplo de um problema maior, que afeta diversas metrópoles ao redor do Brasil. Além dos acidentes envolvendo atropelamentos, outra questão crucial é o risco de abandono dos patinetes em locais inadequados, como sobre calçadas estreitas, em frente a garagens, ou obstruindo o piso tátil — um problema especialmente grave para deficientes visuais.
Essas falhas no uso dos patinetes não apenas dificultam a mobilidade urbana, mas também colocam em risco a segurança de pedestres e outros veículos. Em Florianópolis, por exemplo, há diversas denúncias de mau uso, como patinetes abandonados em pontos críticos ou sendo conduzidos por usuários sem experiência, em alta velocidade e sem o devido respeito às regras de trânsito.
A implementação de regras mais rígidas, como a restrição da circulação dos patinetes em calçadas e a exigência de estacionamentos adequados, são passos fundamentais para minimizar esses riscos.
Contudo, a regulamentação sozinha não é suficiente. É essencial que haja também uma mudança cultural no uso desses veículos. A educação no trânsito precisa ser uma prioridade, com campanhas de conscientização sobre a importância de respeitar as leis e de zelar pela segurança própria e de terceiros. Só assim será possível garantir que os patinetes cumpram seu papel de ferramenta de mobilidade eficiente, sem comprometer a segurança pública.
Por fim, a regulamentação do uso dos patinetes não deve ser vista apenas como uma resposta a um incidente isolado, mas como uma medida preventiva para garantir que a mobilidade urbana continue a ser uma solução prática e segura para todos. O equilíbrio entre inovação e segurança é essencial para que o futuro da mobilidade urbana seja realmente vantajoso para todos.
Presidente do MONATRAN - Movimento Nacional de Educação no Trânsito