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Passagem pelo FreeFlow poderá ser paga via Carteira Digital de Trânsito
30 de Março, de 2025
Espaço Livre
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By Francisco Garonce
Passagem pelo FreeFlow poderá ser paga via Carteira Digital de Trânsito

Para que já enfrentou dificuldades para efetuar o pagamento do pedágio após passar por um dos pontos de Freeflow das rodovias concedidas no Brasil, a Secretaria Nacional de Trânsito (SENATRAN) está desenvolvendo uma solução tecnológica para que o condutor possa ser alertado quanto à forma correta de pagamento por meio da Carteira Digital de Trânsito (CDT). E essa dificuldade tem sido mais comum do que se imagina.

Tecnologia e segurança têm caminhado lado a lado no setor de transportes, e o sistema de cobrança eletrônica de pedágio conhecido como Free Flow é um dos mais emblemáticos exemplos dessa evolução. Ao eliminar as tradicionais praças de pedágio, que obrigam a desaceleração ou até a parada completa dos veículos, o Free Flow contribui diretamente para a redução de sinistros em rodovias. A fluidez no tráfego e a diminuição dos pontos de conflito tornam a viagem mais segura e eficiente para motoristas e passageiros.

No entanto, como toda inovação, sua implantação exige planejamento, comunicação e sensibilidade com o usuário. Muitos condutores ainda enfrentam dificuldades para se adaptar ao novo sistema, especialmente os que não utilizam as conhecidas tags de pagamento automático. Sem um processo claro de notificação e meios acessíveis de pagamento, esses motoristas acabam acumulando multas por evasão de pedágio, que hoje custam R$ 195,23, além de cinco pontos na carteira de habilitação.

Visando mitigar esse problema, a SENATRAN deve publicar, ainda no primeiro semestre de 2025, uma portaria que permitirá a integração do sistema Free Flow com a CDT. Essa integração possibilitará que motoristas sem tag recebam notificações e sejam direcionados ao site da concessionária responsável para efetuar o pagamento da tarifa, tudo pelo celular. Com isso, espera-se reduzir significativamente os casos de multas por desconhecimento ou esquecimento.

Além disso, tramita no Congresso Nacional um projeto de lei de autoria do Deputado Federal Hugo Leal (PSD/RJ), que prevê a anistia das multas aplicadas a motoristas que não conseguiram pagar o pedágio em pontos com Free Flow durante o processo de implantação da tecnologia. Caso aprovado, os condutores poderão regularizar sua situação pagando apenas o valor da tarifa, sem arcar com multas ou pontos na CNH. A proposta representa um avanço na conciliação entre inovação tecnológica e justiça no tratamento aos usuários das vias.

O debate sobre o Free Flow também ganhou força após o trágico sinistro ocorrido em março de 2022, em Campo Alegre de Goiás, quando um caminhão colidiu com uma praça de pedágio na BR-050, resultando em explosão e perda de vidas. Casos como esse reforçam a importância de eliminar estruturas físicas que representam riscos à segurança viária. Com a substituição gradual dessas estruturas por pórticos eletrônicos, a probabilidade de tais graves riscos tende a cair de forma significativa.

Ainda assim, para que o sistema Free Flow atinja todo o seu potencial, é necessário que concessionárias invistam em sinalização adequada, manutenção dos equipamentos e campanhas educativas eficazes. O usuário precisa entender como funciona o sistema, conhecer os meios de pagamento disponíveis e saber como agir caso ocorra algum erro ou omissão no processo de cobrança.

Aos motoristas, seguem algumas dicas práticas para evitar dores de cabeça: cadastre seu veículo em um serviço de pagamento eletrônico; mantenha seus dados atualizados; fique atento às placas de sinalização que indicam a presença do sistema Free Flow e, caso receba uma notificação, procure efetuar o pagamento o quanto antes para evitar penalidades. Lembrando que tentar burlar o sistema, seja com adesivos na placa ou adulterações similares, o condutor incorre em infrações gravíssimas, além de possíveis sanções penais.

O Free Flow representa um caminho sem volta rumo à modernização da infraestrutura viária brasileira. Quando bem implementado, oferece benefícios claros em termos de segurança, economia e eficiência. Cabe agora a todos os atores do setor gestores públicos, concessionárias, motoristas e sociedade adaptarem-se e contribuírem para o sucesso dessa transição. A tecnologia está a serviço da vida, e o uso consciente desse sistema pode tornar nossas estradas mais humanas, seguras e inteligentes.

Francisco Garonce

Doutor em Educação. Aviador. Especialista em Segurança no Trânsito. Jornalista.