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Omissos e Indiferentes
29 de Setembro, de 2022
Palavra do Presidente
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By ROBERTO ALVAREZ BENTES DE SÁ
Omissos e Indiferentes

Mais uma campanha eleitoral majoritária em curso e aquela antiga esperança de que algum candidato ergueria os desafios do trânsito e da mobilidade como bandeira, simplesmente, se esvai pelos dedos.

Mais uma vez, um assunto tão importante e que tanta dor e morte traz para a sociedade brasileira não faz parte da pauta dos candidatos à presidência do Brasil. Inacreditavelmente, não falam a respeito e nem ao menos são questionados sobre o tema. Nem pelos colegas, nem pelos chamados jornalistas “ávidos” por informação.

Dia após dia, vemos mais do mesmo. Ataques aqui e acolá, frases de efeito e a demonstração clara de que as dezenas de milhares de vidas perdidas no trânsito parecem não importar. Isso sem falar nas centenas de milhares de sequelados permanentemente todos os anos no Brasil.

Vociferam os números causados pela Covid, mas não são capazes de mencionar o aumento assustador de mortes de motociclistas no trânsito.

Por todo o Brasil, pipocam notícias sobre o aumento do número de mortes em acidentes com os veículos de duas rodas. Em Curitiba, por exemplo, esse aumento cresceu 75% nos primeiros nove meses de 2021. Já no Distrito Federal, de 2020 para cá, esse grupo assumiu a dianteira em uma série histórica de 22 anos que tinha os pedestres como principais vítimas de ocorrências de trânsito com morte. Os óbitos de condutores de motos superaram os de quem circula pelas ruas a pé.

Importante salientar que o período considerado reúne dois fatores com peso para esse novo cenário: o início da pandemia da covid-19 — que fez aumentar a demanda por entregas em domicílio — e um aumento de 5,7% na frota de motos. Ainda assim, o assunto é simplesmente ignorado pelos presidenciáveis.

Desde a implantação do novo Código de Trânsito Brasileiro, já morreram mais brasileiros do que os mortos pela Covid 19. Será que podemos chamar de genocidas, que é a acusação da moda, aos omissos, responsáveis pela política de trânsito no Brasil!?

Para piorar, mais quatro anos se passaram e diversas ferramentas que poderiam ser implantadas se regulamentado o Código de Trânsito Brasileiro em sua inteireza continuam apenas no papel. Nossas crianças continuam crescendo sem o conhecimento necessário para mudar a cultura do trânsito do país. Os adultos continuam com aquela sensação de impunidade ao não serem fiscalizados como deveria e as mortes continuam a interromper sonhos e planos de vítimas cada vez mais jovens. Até quando meu Deus?

Sofro junto a dor de milhares de famílias brasileiras e assisto atônito mais um debate eleitoral. Sinto no âmago a omissão e indiferença daqueles que deveriam estar ali por estas vítimas das estradas.

Aproveito ainda para registrar a minha decepção com as iniciativas, que não aconteceram, da SECRETARIA NACIONAL DE TRÂNSITO, que nada fez, até agora, para melhorar esse quadro dramático de mortes e acidentes no trânsito. Não houve nenhuma Campanha Nacional, na verdade eles deram continuidade ao que o DENATRAN fazia: NADA!

E, enquanto isso, milhares de pessoas continuam a perder a vida no trânsito de nosso país. Um descaso para com o cidadão e a prova irrefutável do valor que é dado à vida do brasileiro. Uma tragédia!

ROBERTO ALVAREZ BENTES DE SÁ

Presidente do MONATRAN - Movimento Nacional de Educação no Trânsito