Para quem vê alguém dirigindo um veículo imagina estar a passeio, para aquele que está na direção veicular a trabalho, vê como sacrifício. Mas tanto um quanto outro estão sendo submetidos a alguns fatores de risco que repercutem por demais no organismo. Para aqueles que se dispõem a ficar mais tempo na direção veicular, os sinais e sintomas são exacerbados, principalmente se existe alguma comorbidade.
Quanto maior o tempo nessa direção veicular, maior a possibilidade de acidente de trabalho, doença ocupacional e sinistro.
Precisamos entender que o organismo do homem repercute na direção veicular e essa direção repercute no homem, por isso precisamos ser cautelosos nas jornadas longas.
O cérebro é o principal elemento para conduzir a máquina, é ele responsável pela atenção, concentração, percepção, raciocínio e vigília. As outras partes do corpo executam aquilo que o cérebro recebeu de mensagens da visão, audição e sensibilidade tátil.
Costumamos dizer e afirmar, que o indivíduo para dirigir um veículo precisa ter um bom condicionamento físico, não deve, nem pode dirigir de maneira ininterrupta por longo tempo. Isso trará certamente consequências como sinais e sintomas que, ao fim da jornada, certamente serão motivo de incômodos. Nas viagens longas, fazer pausas a cada duas ou três horas, sair do veículo, fazer um alongamento, exercitar-se será motivo de benefícios durante e ao final da jornada.
Além do estresse a que é submetido o motorista, temos que lembrar que durante todo o percurso ele será submetido a fatores de risco que trarão consequências durante ou ao final da atividade. Entre os riscos, temos que lembrar o físico, químico, biológico, ergonômico e de sinistro.
Perdas auditivas são comuns de serem encontradas naqueles que ficam muitas horas na direção. Interessante é que o indivíduo não percebe que está tendo a perda auditiva, mas ao longo do tempo, vai perdendo, perdendo até que pode perder totalmente a audição.
Quando o veículo circula em uma via de piso irregular é capaz de produzir danos musculares e articulares ao longo do tempo.
Gases, vapores, poeiras, foligem são inalados a todo momento durante todo o percurso, produzindo danos na via respiratória e dependendo de doença pré-existente só irá piorar os sinais e sintomas, agravando a doença.
Nas áreas urbanas e mesmo nas rodovias, nas viagens feitas ao longo do tempo, é possível se adquirir doenças endêmicas, existentes em determinadas regiões, como é o caso de malária, leishmaniose, febre amarela, dengue e outras tantas.
A ergonomia exige determinada postura, ambiente bem ventilado, iluminação, temperatura adequada, e que o trabalho físico seja o menor possível.
Não podemos deixar de chamar atenção para o trabalho repetitivo que é executado durante todo o trajeto e que é capaz de produzir danos musculares e articulares comprometendo principalmente punhos, ombros, coluna vertebral e joelhos. Toda a estrutura musculoesquelética poderá estar sendo comprometida.
O aparecimento de inchaço nas pernas, coágulos que podem se formar no interior dos vasos, dores nas panturrilhas (“batata das pernas”), lesões cutâneas, lesões oculares produzidas pelos raios solares são outros danos para aqueles que se dispõem a ficar longo tempo na direção e passam a ter essa atividade como rotina.
Bem, lembramos alguns fatores que podem ser causa de sinais e sintomas a curto, médio e longo prazo. Portanto precisamos ficar atentos porque a passeio ou a trabalho, o transporte pode repercutir na sua saúde e na saúde de quem te acompanha no veículo.
Ter conhecimento e prevenir é sempre necessário.
Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)