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O prazer da velocidade
18 de Outubro, de 2024
Artigo
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By DIRCEU RODRIGUES ALVES JUNIOR
O prazer da velocidade

O prazer da velocidade se aproxima em muito da fatalidade.

Velocidade é igual a lesões graves e óbito.

A velocidade é uma experiência eletrizante, prazerosa porque nos dá a sensação de liberdade, poder, de conquista do espaço que se tem à frente, libera adrenalina, é empolgante. Vive-se emoções que são ilimitadas numa reta, cantando pneus, derrapando, fazendo uma frenagem brusca, um pega, queimando pneus, soltando aquela fumaça, sendo aplaudido pelo pessoal na calçada, que gritam, pedem mais.

Com ela conseguimos reduzir o tempo que se leva para percorrer determinado espaço, mas é um tempo que pode ter custos elevados. Qualquer descuido do motorista e mesmo as possíveis deformações do asfalto serão motivos para o sinistro.

Cruzar vida com velocidade é igual a ter mais um corpo estendido no asfalto. Tudo interfere nessa velocidade: condições do asfalto por buracos, pedras soltas, curvas perigosas e frenagem repentina do veículo à frente. Não fica só aí: a parte cognitiva do motorista com atenção, concentração, percepção, raciocínio, vigília. Entra aqui a parte motora, que seriam as respostas ao que se vê e ouve. Essas respostas seriam entorno de 0,75 do segundo. Intercorrências acontecem e conduzem o motorista a desorientação e ao sinistro.

MORRER, QUEM QUER MORRER?

Nossos veículos são frágeis com relação à proteção interna dos usuários. A cinemática do trauma mostra as lesões que serão provocadas numa colisão frontal, lateral e traseira. A energia da colisão é pouco absorvida pelo veículo, transmitindo para dentro do mesmo grande parte da energia que irá produzir lesões graves ou talvez a morte. Ela é o primeiro fator desencadeante de sinistros graves.

Temos visto motociclistas desenvolvendo grandes velocidades em áreas urbanas entre carros, fazendo zigue zague com velocidades impróprias, colocando-se em risco para que o sinistro aconteça. Desprotegido, sem equipamentos de segurança e, logicamente, mais exposto a lesões mais graves ainda.

Atividade com maior velocidade é observada numa faixa etária de 18 aos 32 anos. São jovens que se iniciam na direção veicular, lembrando das travessuras com carrinhos da infância. Precisamos limitar velocidade, porque os óbitos se sucedem no nosso trânsito urbano e rodoviário.  Hoje, na cidade de São Paulo, morrem 6 pessoas por dia no trânsito. No Brasil, são 92 por dia e tudo isso cresce de maneira geométrica.                                                                                                                            

A velocidade, o uso de álcool e drogas, uso do celular, fadiga e sono na direção são necessidades de combate maior para o momento. Educar e fiscalizar são complementos obrigatórios.

Temos nas salas de pronto socorros predomínio dos pacientes oriundos de sinistros de trânsito quer por atropelamento, quer por colisões causando danos aos usuários do veículo. Pior é que sabemos que nem todos irão livres de lesões para casa. Muitos necessitarão de tratamentos posteriores porque adquiriram sequelas, outros evoluem para óbito. Os percentuais podem ser vistos no Infosiga (SP) e mesmo nas estatísticas do Ministério da Saúde, que mostram números assustadores.

Há que se ter segurança, responsabilidade, respeito às regras de trânsito para termos uma redução dos nossos sinistros.

A velocidade nos leva ao sinistro.

DIRCEU RODRIGUES ALVES JUNIOR

Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)