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O Futuro Bate à Porta, Mas a Mentalidade Continua no Passado
28 de Março, de 2025
Artigo
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By JOSÉ ROBERTO DE SOUZA DIAS
O Futuro Bate à Porta, Mas a Mentalidade Continua no Passado

No mês passado, alertamos que o Brasil ficou para trás enquanto o futuro avança em ritmo acelerado. Agora, precisamos ser ainda mais incisivos. A questão não é apenas reconhecer o atraso, mas romper com o ciclo vicioso da mediocridade administrativa, onde os gestores públicos agem como apostadores inseguros de um jogo de azar: sempre mirando a próxima eleição em vez de planejar o futuro.

O recente início de obras de duplicação de alguns trechos da SC-401 é o retrato desse problema. Uma obra cara e amplamente propagandeada que, no final, apenas desloca os congestionamentos para alguns quilômetros adiante. É como se a solução para uma casa pegando fogo fosse empurrar as chamas para o quintal do vizinho.

Para compreender essa lógica falha, olhemos para a teoria do dilema do prisioneiro: dois suspeitos são interrogados separadamente e, se um delatar o outro, recebe uma pena menor. Se ambos colaborassem entre si, teriam um resultado melhor, mas a falta de confiança mútua os leva a tomar decisões piores para si mesmos.

A gestão pública segue esse padrão: em vez de prefeitos, governadores e gestores trabalharem em conjunto com a sociedade para solucionar problemas estruturais, maximizam seus próprios ganhos políticos sem de fato responderem as objetivas demandas dos usuários de transporte, sacrificando soluções reais.

Sejamos claros: duplicar trechos de rodovias sem replanejar o fluxo urbano e implantar novos modais é um paliativo, não uma solução. É preciso arrojo para redesenhar a mobilidade, implantar o Transporte Publico Marítimo de Qualidade, o Move Free Sobre Trilhos, integrar modais de transporte e investir em tecnologia inteligente de gestão de tráfego. Mas coragem é o que falta quando se governa apenas de olho nas próximas eleições.

Aqui entra a teoria dos jogos de guerra: grandes estratégias não se fazem com soluções de curto prazo. Países que dominam cenários de guerra e negociações de alto impacto sabem que cada movimento precisa ser pensado para que seu impacto positivo seja sustentável a longo prazo. Mas nossos gestores jogam xadrez como se fosse dama: mexem a peça mais óbvia e comemoram um avanço ilusório, enquanto o tabuleiro se fecha contra eles mesmos.

A realidade é que a conta dessas decisões superficiais recai sobre todos nós. Impostos altos, serviços ineficientes e obras que não resolvem os problemas, apenas os empurram para frente. Mas a responsabilidade não é apenas dos administradores: é também de cada um que aceita essa lógica sem questionar, que se resigna em vez de exigir mudança.

Se você está cansado de pagar a conta da ineficiência, é hora de agir. Questione, cobre, participe. A mudança só virá quando o eleitor deixar de ser um espectador e se tornar um estrategista desse grande jogo. O futuro bate à porta, mas só entra se tivermos coragem para abrir.

JOSÉ ROBERTO DE SOUZA DIAS

Doutor em Ciências Humanas e Mestre em História Econômica pela USP, criou e coordenou o Programa PARE do Ministério dos Transportes, foi Diretor do Departamento Nacional de Trânsito – Denatran, Secretário-Executivo do Gerat da Casa Civil da Presidência da República, Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Ciências Sociais de
Florianópolis – Cesusc, Two Flags Post – Publisher & Editor-in-Chief.