Por não ter sido atingido a redução de 50% dos óbitos que ocorrem em decorrência dos sinistros de trânsito, a ONU prorrogou por mais dez anos (2021 a 2030) o proposto, para que se alcance a redução recomendada.
Já sabemos o que fazer de longa data, mas não vemos entusiasmo das autoridades para colocar em execução os planos apresentados por aqueles que indiretamente mostram o que fazer.
Coisas a curto, médio e longo prazo precisam ser implantadas para termos a redução do trânsito selvagem que vivemos nas áreas urbanas e rodovias.
A todo momento mostramos a vacina a ser implantada na prevenção da epidemia no trânsito, caracterizada pelo que chamamos doença do trânsito. Essa doença mata mais do que a Dengue, incapacita milhares de pessoas, produz grandes prejuízos ao estado, à família e à sociedade. Quantas famílias já vivenciaram a triste notícia da perda de ente querido ou tê-lo sob uma cadeira de rodas ou numa cama altamente dependente.
Está havendo uma desvalorização à vida, o sentimento deixado quando vemos na via pública um corpo jogado ao chão ou no noticiário, parece não existir. A sensibilidade parece fluir, o pensamento de solidariedade se esvazia, prestação de socorro é ínfima, parecendo que estamos vivendo solitários num mundo de tantas agressões.
Condutores malformados, muitos ignorando regras de trânsito, transgredindo sinais de solo, verticais, conduzindo anarquicamente comprometendo a segurança dele e de terceiros.
Não há dúvida que a vacina está disponível, o que falta é aplicá-la e se aplicada estou convicto que caminharemos para o sinistro zero.
Os ingredientes da vacina precisam ser entendidos como prioritários, aplicados a curto prazo como a educação, fiscalização e punição em seus vários segmentos como:
- Educação familiar na formação do caráter, personalidade, conceitos, respeito e cidadania.
-Educação escolar desde a pré-escola à universidade, formação do condutor com profundidade e educação continuada.
A que se fazer treinamento nas várias situações de risco na área urbana, na rodovia, no piso escorregadio, de dia, à noite, na ultrapassagem de veículo longo, em velocidade como evitar a colisão com um obstáculo, ter conhecimento do que é energia do movimento (energia cinética), como se conduzir num sinistro e por aí vai.
- Fiscalização, além da eletrônica, a presença do policial de trânsito ou agente de trânsito como fator inibitório, sendo uma barreira para o transgressor bem como de educá-lo.
- Multa, outra forma de educar, mostrando a infração cometida o que vai sensibilizá-lo levando ao respeito as regras.
Tudo isso é prioritário e emergencial, mas outras, muitas outras compõem o kit extraordinário como complemento da vacina.
O envolvimento dos pais, da sociedade seria fator essencial para combatermos a masculinidade tóxica que é parte integrante dos distúrbios comportamentais do homem enquanto condutor. Ele é mais agressivo, impetuoso, enfrenta riscos, não tem medo, não leva desaforo para casa, só ele sabe dirigir, é o que tem razão, verdadeiro dono da rua. Tudo isso é colocado na cabeça do menino de maneira patriarcal e estimulada e cobrada pela sociedade.
A implantação da terapia vacinal, a curto prazo, mostrará a redução desse percentual absurdo de vítimas de trânsito.
Temos que observar que educando a criança ela chamará atenção do condutor para as incorreções cometidas, sendo uma educadora passiva.
Bem queremos que a nova Secretaria de Trânsito inicie seus trabalhos com metas colossais, dando a mobilidade humana, cidadania, gentileza, melhor pedagogia e respeito à vida.
Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)