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Motorista: Trabalho Penoso
14 de Novembro, de 2024
Artigo
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By DIRCEU RODRIGUES ALVES JUNIOR
Motorista: Trabalho Penoso

Sabedor da repercussão da condição social, psicológica e do próprio organismo do homem sobre o seu trabalho, e, das agressões do trabalho sobre múltiplos aspectos e fatores que concorrem para um maior desgaste do operador, não podemos deixar de relacionar e analisar o perfil psicoemocional e as condições ergonômicas do trabalho.

Contabilizando-se os movimentos realizados na direção veicular e somando-se aos estímulos visuais, auditivos e vibração de corpo inteiro, temos que concluir que tais operadores são submetidos a uma sobrecarga física e mental alarmante. Tudo isso concorre para o estresse físico e mental do nosso motorista, e, se computarmos os problemas de ordem pessoal, familiar, agravaremos a sobrecarga.

Diante de tais fatos, temos que aceitar que a operação repercute intensamente no organismo humano concorrendo para o aparecimento de múltiplas queixas, desde sinais e sintomas a patologias orgânicas reais, além de alterações da estrutura psicoemocional concorrendo para as doenças psicossomáticas assim como para as neuroses.

O estresse, na realidade, é uma perda da capacidade adaptativa. Não temos dúvida que os operadores do tráfego em geral, são submetidos a crises de adaptação as situações mais diversas e a cada momento recebem estímulos para que o sistema glandular reaja de maneira grosseira, produzindo dentro do seu organismo inúmeras substâncias que alteram a fisiologia do corpo, produzindo sinais, sintomas, quem sabe até obrigando-o a interromper o seu trabalho diante da desarmonia interna provocada.

O medo de bater com o veículo, de atropelar um pedestre, de um assalto ou de outra qualquer violência leva esses trabalhadores a situações de tensão, de agressão que muitas vezes ultrapassam a capacidade defensiva, provocando doença.

A penosidade do trabalho assim entendida, aponta para um excesso além do limite de um indivíduo normal.

O trabalho torna-se penoso porque se dá mais do que é possível, por excesso de movimentos e por inconveniência de estímulos.

“SINAIS DO TRABALHO PENOSO”

O tráfego no centro comercial e financeiro da cidade de São Paulo, por exemplo, impressiona a todos. Levado pela vontade de escrever sobre o assunto, resolvi estudar uma linha de ônibus que passasse por este centro comercial e financeiro, e tirar conclusões, sobre o trabalho executado por um motorista profissional.

Sabedor da repercussão social, psicológica e do próprio organismo do homem sobre o seu trabalho, e, das agressões do trabalho sobre múltiplos aspectos e fatores que concorrem para um maior desgaste do operador, não deixei de avaliar o perfil psicoemocional e as condições ergonômicas do trabalho.

Considerando a distância entre os terminais e o tempo necessário para o percurso, observei que em curto período o operador executa um número exagerado de movimentos de pernas, braços, coluna cervical, coluna lombar e bacia, o que o leva rapidamente a exaustão física.

Somando-se a tais movimentos os estímulos visuais, auditivos e vibrações de corpo inteiro, tenho como concluir que tais operadores são submetidos a uma sobrecarga física e mental realmente alarmante. Tudo isso concorre para o estresse físico e psicológico do nosso motorista, e, se computar os problemas de ordem pessoal, familiar, agravaremos a sobrecarga com o estresse social.

Diante de tais fatos, tenho que aceitar que a operação repercute intensamente no organismo humano, concorrendo para o aparecimento de múltiplas queixas, desde sinais e sintomas a patologias orgânicas reais, além de alterações da estrutura psicoemocional, concorrendo para as doenças psicossomáticas, assim como para as neuroses.

fadiga é o primeiro sintoma decorrente desse trabalho.

O estresse na realidade é uma perda da capacidade adaptativa como já dissemos. São exatamente as situações de tensão, de agressões externa ou interna que ultrapassam a capacidade defensiva do indivíduo.

Sabemos existir o estresse físico, o estresse psicológico e o estresse social que será tão mais grave quanto mais injusta a sociedade. Na prática, observamos entre os operadores desta linha os três tipos de estresse.

Com frequência, diante da perda da capacidade adaptativa, vejo o surgimento de manifestações clínicas e, eventualmente, o eclodir de doenças.

Não quero dizer com isto, que o estresse seja o único causador de doença, mas é um fator contribuinte importante. Precisamos aprender a valorizá-lo.

Observei indivíduos no meu trabalho que, sob um grande estresse buscam fatores de adaptação através de fumar, beber, comer em demasia e de buscar alívio usando uma droga.

Não tenho dúvida que os operadores do tráfego em geral são submetidos a crises de adaptação as situações de estresse. A cada momento recebem múltiplos estímulos e o sistema glandular do operador reage de maneira grosseira, produzindo dentro do seu organismo inúmeras substâncias que alterarão a fisiologia daquele corpo, produzindo sinais, sintomas, quem sabe até obrigando-o a interromper seu trabalho diante da desarmonia interna provocada.

O medo de bater com o veículo, de atropelar um pedestre, de um assalto ou de outra qualquer violência leva estes trabalhadores a situação de tensão, de agressão que muitas vezes ultrapassam as capacidades defensivas dos operadores, provocando-lhes doenças.

Não tenho dúvidas de que a grande maioria das patologias encontradas na avaliação clínica dos operadores desta linha sejam exacerbadas pelas situações aqui observadas.

 A penosidade do trabalho assim entendida, aponta para um excesso além do limite de um indivíduo normal. O trabalho se torna penoso porque se dá mais do que é possível, por excesso de movimentos e por inconveniência de estímulos, repetimos.

 

DIRCEU RODRIGUES ALVES JUNIOR

Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)