Todo organismo tem necessidades básicas para o seu funcionamento. É comum entre nós, a utilização de medicamentos por conta própria, sem a orientação do profissional de saúde. Isso é um grande risco.
Veja alguns medicamentos e seus efeitos na direção veicular:
Antidepressivos (para depressão e transtornos de ansiedade), produzem: perda de atenção, concentração, vigília e dificuldade de visão;
Analgésicos (usados comumente contra dores): sonolência;
Ansiolíticos e tranquilizantes (medicamentos usados para controlar a ansiedade, por exemplo), os efeitos são sonolência, redução dos reflexos e demora no tempo de reação;
Antiepilépticos (usados em epilepsia e transtorno de déficit de atenção), produz sonolência e confusão mental;
Hipnóticos (usados para combater insônia e induzir anestesia): sonolência;
Relaxantes musculares (para cólicas, por exemplo): sonolência e reações lentas;
Estimulantes (também presentes em medicamentos para emagrecer): irritabilidade e sono;
Broncodilatadores (para desobstruir as vias aéreas): taquicardia, tremores e convulsão;
Antieméticos (para enjoos): sonolência;
Hipoglicemiantes, insulina (usados no tratamento de diabetes): tremores, perda da consciência e convulsão;
Neurolépticos (para o tratamento de psicoses): redução dos reflexos, demora no tempo de reação, sedação e sonolência;
Algum remédio pode dar positivo no teste do bafômetro?
Não, mesmo aqueles que contenham álcool, porque a quantidade é mínima e o teor alcoólico é baixo. Não produzirá efeitos sobre o sistema nervoso central. Imediatamente após fazer uso do medicamento possivelmente haverá um resíduo na boca. Ao soprar o bafômetro pode ser que até apareça algum teor de álcool, mas, soprando minutos após, o teste mostrará nível zero. É o mesmo que acontece quando se come um bombom com recheio de licor. O teor alcoólico presente na boca não faz parte do ar alveolar expirado. No bafômetro a dosagem será zero.
O que fazer quando é preciso tomar um remédio e dirigir logo depois?
Precisa o motorista ter pleno conhecimento das ações do medicamento. Cada organismo é um organismo, não são todos iguais e reagem de maneiras bem diferenciadas.
Alguns são capazes de produzir efeitos indesejáveis e provocar um acidente de trânsito. Exemplos comuns em nosso meio é o uso de um antialérgico, descongestionante nasal, tranquilizante, moderador de apetite e muitos outros. Sabemos que no nosso país temos por hábito fazer à automedicação, como já dissemos, e isso se torna risco muito grande não só para a saúde do indivíduo como também aumenta em muito o risco de acidente.
Alguns tipos de xaropes para a tosse, por exemplo, e até analgésicos usados para uma simples dor de cabeça são capazes de produzirem efeitos devastadores e consequências imprevisíveis. Nossos organismos são diferentes um dos outros e dessa forma reagimos também diferentemente. O que é bom para uns pode ser verdadeiro veneno para outros.
Existem medicamentos que tem ação depressora, produzindo torpor, sonolência, tonteira, debilidade. Outros com ação estimulante, produzindo perda do sono, agitação, redução da fome, alteração de reflexos o que nunca pode acontecer na direção de qualquer veículo.
Ao usarmos um medicamento quando estamos no exercício de atividade veicular precisamos ter pleno conhecimento dos efeitos colaterais e efeitos adversos que tal produto possa nos causar. Percebendo algum sintoma devemos interromper imediatamente a atividade, repousar, ingerir bastante líquido, para dessa forma, aumentar o processo de eliminação da droga do organismo e receber orientação do médico. Devemos manter tal conduta até que haja regressão total de tais sintomas. Insistir na direção é muito perigoso. A possibilidade de acidente é iminente.
Qualquer medicação recomendada pelo médico deve ser acompanhada de explicação minuciosa sobre os efeitos que podem ser observados, a dose a ser usada, o tempo de ação, os riscos com relação à atividade veicular e qual deve ser o comportamento do indivíduo diante de sinais e sintomas. Caso o médico esqueça de dar tal informação, pergunte, não deixe o consultório enquanto não houver os esclarecimentos necessários. Não saia com dúvidas. Ao chegar à casa, se esqueceu de perguntar algo, telefone para o doutor, pergunte, tire a sua dúvida, você fará a sua prevenção.
Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)