O homem não se sente vulnerável, ele é um “Ser Superior”?
A sociedade, desde tenra idade, caracteriza o homem como forte, seguro da família, capaz de sustentar qualquer situação, ser durão, independente, só homem gosta de sexo, não faz serviço doméstico, macho não vai ao médico, tem que ser provedor e segue por aí. Suporta dor, não chora, não tem atitudes femininas, não é fraco, é bom de cama e sempre se sente mais competente e mais macho. Já ao nascer veste o azul e não o rosa. Tudo aplicado pela sociedade.
Essa formação de centenas de anos vem se modificando gradativamente no sentido de acabar com esse pragmatismo, essas características estereotipadas extremamente nocivas e que são capazes de reduzir o tempo de vida do homem. E por quê; se expõe mais, entra em briga, busca atividades de risco, não se preocupa por zelar por seu bem-estar físico e mental e segue por aí.
Realmente, o homem é descuidado com ele mesmo e com as coisas que lhe pertencem. Tudo isso temos que atribuir a Masculinidade Social ou Masculinidade Tóxica. Ele é ensinado desde o nascimento, doutrinado a ter um comportamento agressivo, não ter vaidade, não pode chorar, não ter atitudes femininas, ser forte o suficiente para enfrentar tudo que aparecer. E ser forte é não precisar de cuidados com seu próprio corpo, é negligenciar com relação ao seu bem-estar, à sua saúde.
A mudança está acontecendo, aos poucos não se está induzindo a criança a ensinamentos que tornam o homem bruto, rude, insensível, capaz de sem motivo tornar-se agressivo, briguento.
A sociedade criou perfil masculino e feminino com características antagônicas, um extremamente agressivo e outro dócil, delicado, amoroso. É essa sociedade que hoje já mostra comportamento avesso ao que gerações passadas apregoavam para o menino e adolescente.
A mudança cultural devagar está chegando.
Existem essas induções que já comentamos na formação da criança, do adolescente, mas temos que incluir a fisiologia do organismo masculino.
As alterações comportamentais em parte são decorrentes da fisiologia. O metabolismo, a agilidade, os atos impensados, a pressa, a orientação espacial, a necessidade de impor condições, de se julgar o dono do mundo são alguns fatores que comprometem o homem na direção veicular. As liberações hormonais potencializam possíveis distúrbios comportamentais.
Pesquisadores da Universidade de Virginia atrelaram o fato a condição genética e a ação de hormônios, além da cobrança da sociedade por um comportamento pré-definido.
Os homens são mais rápidos no raciocínio matemático e espacial. Não temos dúvida que isso é uma verdade.
Julgamos o homem mais genérico, pouco analítico e pouco emotivo nas atitudes e execução de tarefas. Na direção veicular vemos esse comportamento presente. O homem ativo, austero, exigente, dominador, agressivo, imediatista e irritado.
A agilidade, a pressa, muitas vezes a compulsão para velocidade são fatores presentes no universo masculino. Daí podermos entender que o homem na direção veicular tem todos os componentes para a sinistralidade. Observe que os acidentes são de médio a graves, quase sempre com vítimas, algumas fatais.
O homem, de raciocínio rápido e com boa orientação espacial é capaz de exageros com relação à velocidade, o respeito à sinalização, torna-se mais competitivo, detém uma direção ofensiva e chega ao sinistro de média e grande proporção com muita facilidade.
A "Masculinidade Tóxica" é exacerbada pela "Fisiologia" fazendo com que o comportamento do homem ao volante seja em alguns casos de alto risco. É essa Masculinidade Tóxica no trânsito responsável por perda de vidas no trânsito, trabalho e esporte.
Anule essa toxicidade, você não é um Super-Homem.
Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)