As festas de fim de ano são aguardadas com ansiedade por milhões de pessoas ao redor do mundo. Época de reencontros, viagens e celebrações, mas também um dos períodos mais perigosos para quem se desloca pelas estradas e ruas do Brasil.

Enquanto famílias planejam confraternizações, muitos governantes e autoridades deixam de lado um elemento essencial para a segurança e bem-estar: a infraestrutura e a educação no trânsito. Essa negligência não apenas compromete a mobilidade, mas também cobra um preço alto em vidas humanas.

No Brasil, a precariedade das vias urbanas e rodovias é mais do que evidente. Buracos, sinalização deficiente, iluminação precária e ausência de fiscalização transformam os deslocamentos em verdadeiros desafios.

Florianópolis, capital de Santa Catarina e um dos destinos mais procurados durante o verão, é um retrato desse descaso. Todo ano, a cidade enfrenta congestionamentos intermináveis e um aumento alarmante de acidentes, agravados pela falta de planejamento e ações efetivas.

Para muitos turistas, a viagem que deveria significar descanso e celebração se transforma em mais uma experiência frustrante de "trânsito parado", semelhante ao que enfrentam diariamente em suas cidades de origem, com a única diferença sendo a maravilhosa paisagem da Ilha da Magia.

Enquanto isso, outros países mostram que é possível conciliar desenvolvimento e responsabilidade. No Japão, a combinação de estradas impecáveis, transporte público eficiente e campanhas educativas resulta em taxas reduzidas de acidentes, mesmo nos períodos de maior movimentação.

Nos Estados Unidos, estados como Minnesota e Oregon implementaram programas robustos de manutenção de vias e iniciativas como Drive Sober or Get Pulled Over, Dirija Sóbrio ou Será Parado, focadas em conscientização e combate à imprudência, especialmente durante feriados.

A Alemanha, famosa por suas Autobahnen, alia manutenção de alta qualidade a fiscalização rigorosa, demonstrando que segurança no trânsito é uma questão de prioridade. Já a Suécia lidera com sua "Visão Zero", um programa que coloca a vida humana no centro das políticas públicas de mobilidade, eliminando mortes evitáveis no trânsito.

Esses exemplos são um alerta de que investir em planejamento, fiscalização e educação no trânsito salva vidas e melhora a qualidade de vida. No Brasil, porém, enquanto governantes permanecem inertes diante do caos viário, condutores e pedestres também contribuem para o problema. Segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária, 90% dos acidentes são causados por falhas humanas, como o uso do celular ao volante, excesso de velocidade e desrespeito às regras básicas de convivência.

As festas de fim de ano deveriam ser momentos de alegria, não de tragédia. Os governantes precisam entender que o turismo sustentável e a segurança viária andam juntos e devem assumir sua responsabilidade com planejamento urbano e infraestrutura.

Condutores e pedestres, por sua vez, devem adotar a prudência como parte de sua cidadania.

O exemplo internacional está ao nosso alcance, não como utopia, mas como guia para soluções concretas. Não é tarde para transformar nossas vias em espaços seguros e humanos. Que neste fim de ano, possamos refletir sobre nosso comportamento e exigir ações de nossos líderes, à fim de manter vias seguras, de conexão com a vida.