Os riscos na direção veicular são constituídos pelos “atos inseguros” e “condições inseguras”. Participam desse elenco a negligência, imprudência e imperícia.
O homem é o ator principal no sinistro e o motorista é o responsável pela segurança de todos que estão dentro e fora do veículo.
Risco é tudo aquilo capaz de tirar a atenção, concentração, percepção, vigilância, visão, audição, reduzir os reflexos e sensibilidade tátil como também o não uso dos equipamentos de proteção, a deficiência na manutenção de equipamentos e máquinas, tudo concorrendo para produzir sinistro e doença.
Ato Inseguro - é todo aquele ato produzido pelo indivíduo que pode levá-lo a um sinistro ou doença.
Condição Insegura – é tudo que se encontra no ambiente de operação que pode levar ao sinistro ou doença.
Confira alguns exemplos abaixo:
Atos inseguros:
• Esticar-se para mexer no porta-luvas - Ato muito comum e que é causa de acidentes. Para fazer tal movimento consumimos em média 4 segundos. A 100 Km/h teremos percorrido nesses 4 segundos aproximadamente 110 metros
• Tirar as mãos do volante - Um veículo sem balanceamento, alinhamento, com pneus desgastados ou mesmo problema mecânico de rodas não manterá a direção quando tiramos as mãos do volante.
• Acender cigarros e fumar - São riscos que o fumante não considera, mas acender um cigarro com isqueiro à noite produz, pela claridade, contração das pupilas, reação de ofuscamento que precisamos em média de 3 a 4 segundos para que a pupila volte a posição anterior.
Com o fósforo o risco é somado à possibilidade de fragmentos de fósforo incandescente saltarem sobre o rosto ou corpo produzindo queimaduras e reação espontânea de autoproteção, o que poderá ser causa de acidente.
• Uso do Celular - Ninguém se sente tranquilo ao escutar o celular tocar, a reação instintiva é levar a mão ao aparelho em qualquer situação.
Ao acioná-lo existem expectativas, tensão e com isso desvia-se a atenção totalmente e passa-se a dirigir mecanicamente. Deixamos de mensurar riscos, distâncias e passamos a viver emoções do que é conversado.
• Colocar o cinto de Segurança com o Veículo em Movimento - Na afobação para sair com o veículo coloca-se o cinto de segurança com o veículo em movimento, o que vai produzir 3 a 4 segundos de desatenção.
• Dar a ré sem voltar-se para trás - Os pontos cegos na direção veicular estão presentes. Usando-se somente os espelhos retrovisores para praticar esta manobra conseguimos delimitar os pontos fixos, não temos medida de profundidade e não visualizamos estruturas em deslocamento como no caso de pedestres, animais etc.
• Não uso do cinto de segurança - Este é um equipamento indispensável, dá ótima proteção quando de três pontos numa desaceleração brusca ou colisão protegendo traumas de quadril (100%), Coluna (60%), face e crânio (56%), tórax (5%) e abdome (40%).
• Colocar braço para fora da janela - Este é um hábito comum. As mãos devem estar permanentemente ligadas ao volante.
• Uso inadequado da buzina, faróis e pisca alerta - A buzina no trânsito é agente de estresse. Farol alto ofusca, leva 3 a 4 segundos para adaptação, o tempo suficiente para o sinistro.
O pisca alerta é um sistema para dar segurança quando temos que parar devido à pane do veículo ou em situações de risco de acidente. Jamais devemos usá-lo com o veículo em movimento.
• Não manter a distância entre veículos - A importância de manter-se distante do veículo da frente 10 a 20 metros é necessária para que se tenha tempo hábil de se brecar ou fazer manobra brusca em condições anormais.
Condições inseguras
• Manutenção precária da Máquina suspensão, amortecedores, freios etc.
Esta é uma preocupação permanente de quem assume a direção de um veículo.
• Lanterna e faróis não funcionam - No período diurno e noturno o sistema luminoso do veículo tem que estar perfeito. Uma lanterna ou um farol queimado gera situação de risco.
• Pneus em mau estado, alinhamento, balanceamento e calibragem irregular. Nestas condições a frenagem fica prejudicada, muitas vezes por falta de aderência. A aquaplanagem, derrapagem e outras situações serão mecanismos desencadeadores de sinistros.
• Não sinalizar para a mudança de rumo ou pista. É essencial que sinalizemos para avisar que vamos mudar de pista ou virar à direita ou esquerda.
• Deixar de sinalizar quando houver enguiço. Ao parar na pista ou no acostamento por uma pane ou acidente devemos proceder a sinalização para segurança de todos. O uso do pisca alerta, o triângulo à distância de aproximadamente 20 metros para trás do veículo no sentido do fluxo serão elementos importantes na prevenção de sinistro. Pode-se valer também de galhos de árvores e pessoas que possam de maneira segura, usando uma camisa, por exemplo, sinalizar.
• Falta do apoio para a cabeça. Na desaceleração brusca é comum ocorrer o “efeito chicote”, que é o movimento brusco da cabeça para frente e em seguida jogada para trás, produzindo lesões na coluna cervical e muitas vezes do canal medular, podendo levar a morte imediata por parada respiratória seguida de parada cardíaca ou levar o indivíduo a ficar tetraplégico.
• Ruas esburacadas e sem sinalização. A falta de manutenção e sinalização das vias públicas são condições inseguras que vão gerar sinistros.
• Falta de manutenção do ar refrigerado. A manutenção permanente desse equipamento é essencial para prevenção de doenças respiratórias (infecções, alergias etc.).
• Em caso de sinistro. Se tiver condição de locomoção deixe o veículo, sinalize vinte metros para trás e para frente se a via é de mão dupla. Veja se existe vítima, tente tranquilizá-la colocá-la em posição de conforto sem mobilizá-la. Entrar em contato com o resgate da rodovia.
Combater ato inseguro e condição insegura constitui atitude essencial na área de segurança veicular e consequentemente na redução dos sinistros de trânsito.
“Vá e volte”...
Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego)