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Dicas de Ouro: Como se Transportar em Tempos de Pandemia
24 de Setembro, de 2020
Artigo
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By JOSÉ ROBERTO DE SOUZA DIAS
Dicas de Ouro: Como se Transportar em Tempos de Pandemia

Prezado leitor, permita-me continuar tratando da locomoção urbana em tempos pandêmicos, assunto que considero vital. Certamente, ao sair de casa para cumprir com suas obrigações diárias foi adicionada, nos últimos seis meses, uma nova preocupação existencial: como ir e voltar, minimizando os riscos de contaminação, uma vez que essa probabilidade é real.

Os meios de comunicação no afã de salvar vidas e também de vender noticia, afinal esse é o produto dessas empresas, muitas vezes criam um clima de insegurança entre seus consumidores. O destaque dado ao número de contagiados e mortos, sem na maioria das vezes, citar a expressiva soma de curados, resulta em medo.

Cria-se uma ansiedade irracional junto as pessoas, o que na prática inviabiliza a tomada de pequenas decisões de proteção pessoal. Ora, se a presença do vírus é tão inevitável quanto o trabalho e outras obrigações do cotidiano, o que cabe fazer é reduzir as probabilidades de contaminação sem subestimar a gravidade da doença.

Certamente, o ponto crucial é o transporte público, inevitável para a maioria das pessoas e um dos principais focos de transmissão do vírus.

Hoje, passado meio ano do início da pandemia, praticamente todos já sabem da importância do distanciamento social, do uso de mascaras, álcool gel e da lavagem das mãos. Isso, entretanto, não quer dizer que o fazem corretamente.

A quarentena indiscriminada por longo tempo, e não apenas o isolamento do chamado grupo de risco, criou um tipo de estafa social, que nos dias atuais se reflete no relaxamento das medidas de proteção pessoal.

Compreendendo tal fato, o usuário do transporte público pode reduzir seus riscos, primeiro tendo consciência que muitos passageiros não se cuidam o suficiente e que podem ser transmissores da molestia.

Importante salientar que o Covid-19 é uma doença predominantemente de transmissão respiratória, quanto mais pessoas respirarem, tossirem e falarem num espaço confinado, maior a chance de ser infectado. Isso reforça a importância de seguir os conselhos da saúde pública local e continuar mantendo as atitudes essenciais como usar máscara, álcool gel e manter a distancia física nas estações e a bordo.

Segundo matéria do jornalista Richard Fisher para a Future/BBC, de setembro do corrente, existem medidas menos óbvias que podem ser praticadas para se locomover com mais segurança nos próximos meses.    Entre estas, caminhar, pedalar e para os mais acomodados usar os patinetes elétricos, hoje comuns em muitas cidades. Mas, as vezes essas soluções são impraticáveis.

Outra alternativa é o uso do automóvel particular, mas todos sabemos que o custo social é elevadíssimo. Aliás, como se observou no longo período em que tudo parou, foi até possível descortinar paisagens urbanas que haviam desaparecido no meio da fumaça.

Mas, se o que lhe resta é o transporte público, necessário se faz o uso de algumas estratégias de sobrevivência na selva urbana. A observação aguçada, típica do ser humano, é uma ferramenta essencial. Foi, desse jeito que os nossos ancestrais sobreviveram a momentos muito mais difíceis do que hoje se vive.

Ao tomar uma condução lembre-se que os tempos são outros, fique alerta, observe a ventilação, o fluxo de ar e os horários de pico. Evite se transportar nos momentos de maior movimento ou de usar conduções pouco ventiladas. É melhor perder alguns momentos e pegar o próximo ônibus, metro ou trem. Planeje com sua empresa um esquema mais flexível de horários.

Usando sua sabedoria ancestral, observe outros detalhes, como por exemplo, ficar distante de pessoas conversando. Lembre-se que em uma simples conversa, milhares de partículas virais podem ser expelidas.  É o que afirma a matéria da Future/BBC, ou seja, que em “ambientes barulhentos, onde as pessoas devem se inclinar e gritar para serem ouvidas, apresentam maior risco do que em espaços mais silenciosos. Acredita-se que seja uma das razões pelas quais boates, bares ou frigoríficos experimentaram altos níveis de contágio”.

É absolutamente possível viver a vida ficando longe do alarmismo de uns e do negacionismo de outros. No meio de posições extremadas existe o bom senso e a recomendação bíblica de fazer aos outros o que queres que façam a ti. Ora, proteger-se é, também, um ato de amor ao próximo.

Dessa forma é possível usar o transporte público sem medo, basta seguir as recomendações dos serviços de saúde e observar o ambiente evitando riscos desnecessários

Parafraseando Plutarco, citado por Fernando Pessoa no Livro do Desassossego, “transportar-se é preciso, infectar-se não é preciso”, afinal é vida que segue...

JOSÉ ROBERTO DE SOUZA DIAS

Doutor em Ciências Humanas e Mestre em História Econômica pela USP, criou e coordenou o Programa PARE do Ministério dos Transportes, foi Diretor do Departamento Nacional de Trânsito – Denatran, Secretário-Executivo do Gerat da Casa Civil da Presidência da República, Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Ciências Sociais de
Florianópolis – Cesusc, Two Flags Post – Publisher & Editor-in-Chief.