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Autoridade na rua é o guarda
10 de Julho, de 2020
Palavra do Presidente
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By ROBERTO ALVAREZ BENTES DE SÁ
Autoridade na rua é o guarda

Dias atrás fiquei estarrecido ao tomar conhecimento da cena protagonizada pelo desembargador paulista Eduardo Siqueira. Do alto de sua prepotência e falta de civilidade, o membro do poder judiciário tentou aplicar a famigerada “carteirada” nos guardas municipais da cidade de Santos, Cícero Hilário Neto e Roberto Guilhermino – que, aliás, foram justamente homenageados pela prefeitura municipal e receberam medalhas pela conduta exemplar.

Abordado sem máscara na praia, em plena pandemia de coronavírus, o desembargador foi flagrado dando um show de baixaria, ao confrontar a GCM (Guarda Civil Municipal) da cidade. Nas imagens, que circulam em redes sociais, Siqueira é abordado pelo guarda Cícero, que pede “por favor” para ele usar máscara. O desembargador é informado sobre o decreto municipal que obriga o uso de equipamento de proteção, mas diz que o ato “não é lei” e se recusa. O guarda, então, desce do carro para aplicar a multa, mas é chamado de analfabeto pelo desembargador, que rasga o papel e joga no chão, após tentar intimidá-lo, ligando para o Secretário de Segurança Pública do município, Sérgio Del Bel.

Um absurdo sem tamanho, visto que, como bem enfatizou o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, ao comentar sobre o assunto: “Autoridade na rua é o guarda, não o desembargador. Somos autoridades no tribunal, com a capa nas costas. Na rua, somos cidadãos”, declarou.

Detalhe ainda mais revoltante é que poucos dias antes, Siqueira já havia recebido uma infração pelo mesmo motivo e inclusive cita na nova abordagem: “Amassei e joguei na cara dele. Você quer que eu jogue na sua também?”

Que tremenda falta de respeito! Especialmente vindo da parte de um representante do poder judiciário que, mais do que ninguém, deveria dar o exemplo. Mas, ao invés disso, preferiu não descer do salto, dando uma aula de arrogância e desamor.

Depois da repercussão do caso, o desembargador publicou uma nota em que pede desculpas por ter se exaltado com o guarda e tenta justificar o injustificável, dizendo que sua atitude “teve como pano de fundo uma profunda indignação com a série de confusões normativas que têm surgido durante a pandemia – como a edição de decretos municipais que contrariam a legislação federal – e às inúmeras abordagens ilegais e agressivas que recebeu antes”.

Uma lamentação que mais parece “lágrimas de crocodilo”. Um pedido de desculpas pró forma, só porque repercutiu na mídia, mas que talvez, se não existissem vídeos comprovando, nem existiria, dada a reincidência da atitude pra lá de grosseira.

De qualquer maneira, esperamos que o episódio lamentável, sirva ao menos para conscientizar a população como um todo, dos mais simples aos mais “gabaritados”, que na rua, a autoridade é o guarda! O guarda municipal, o policial militar, o policial rodoviário... enfim, todos estes homens e mulheres que cumprem com as suas atribuições para os cargos aos quais foram investidos. A todos vocês, o nosso respeito e solidariedade!

ROBERTO ALVAREZ BENTES DE SÁ

Presidente do MONATRAN - Movimento Nacional de Educação no Trânsito